Boa noite queridos visitantes, é com muito prazer, que publico um texto super interessante sobre a sexualidade na vida de pessoas com deficiência.
Extraido da Rede Saci, ele aborda como se fazer o velho e bom chaveco sem medo ou mesmo sem ser chato.
Mas o bom mesmo, é ler os depoimentos contidos no texto.
‘Xaveco’ - O que fazer na hora H?Rede Saci12/05/2009A matéria faz parte da pesquisa de Leandra sobre a sexualidade da
pessoa com deficiênciaLeandra Migotto CertezaVocê está procurando companhia? Que tal ‘xavecar’ alguém? Se o problema
é medo: relaxe. Agora tem até manuais para ensinar como se dar bem na
‘hora H’. Especialistas dizem que não existem regras para paquerar, mas
quem conhece os ‘segredos’ da alma humana, aconselha a soltar as
emoções, baixar defesas, sorrir, e não ter medo do desconhecido.Para o psicólogo, especialista em sexualidade da pessoa com
deficiência, Fabiano Puhlmann, paquerar é arriscar conhecer gente nova;
uma boa forma de exercitar a quebra de preconceitos. “Qualquer lugar é
perfeito. Mas é sempre bom ser curioso e prestar atenção às perguntas e
respostas da outra pessoa, não se esquecendo do bom humor, do
incentivo, e do caminhar passo a passo, sem definir logo sua intenção.
Se aproximar devagar, mas não ficar parado”.“O mais importante para o xaveco é ele acontecer, e não ficar guardado
por medo da rejeição. O melhor nem sempre é aquele que dá certo, mas só
o fato de existir, já é muito legal. Quanto mais verdadeiro, sensível e
criativo ele for; mais chances você vai ter de se aproximar de alguém”,
afirma Fabiano Rampazzo, jornalista e um dos autores do Manual do
Xavequeiro (Matrix editora). Para o escritor Antônio*: “mesmo quando
não funciona, o xaveco pode ser uma boa maneira de conhecer o jeito de
ser de alguém, e de encarar a si mesmo e os outros”.Rampazzo ainda arisca dizer que o dia em que o xaveco sair de moda a
humanidade acaba. “As pessoas só nasceram porque o pai xavecou a mãe”.
Antônio* pondera: “O xaveco só sairá de moda quando as pessoas perderem
o gosto pela vida, nunca o impulso sexual; justamente porque a cantada
não é só hormônio, é sintonia”. Para o jornalista as pessoas ainda são
muito carentes de informações e sentem necessidade de trocar
experiências. “Percebemos que existem homens querendo xavecar, mas com
medo. E mulheres também querendo, mas passando vontade. Por isso
fizemos quadro livros e um DVD”.A bióloga Silvia Sant’ana discorda: “não acredito muito na eficiência
do xaveco, prefiro uma abordagem mais sutil. A palavra ‘na moda’ soa
como ‘xaveco furado’; acho um termo meio perdido”. A professora Maria*
discorda: “para mim o xaveco está na moda, mas temos que tomar cuidado,
pois uma cantada mal dada pode virar uma abordagem agressiva, e até
assédio sexual”.Use sempre o bom senso.Depois de tomar coragem de partir para a conquista, ainda bate aquelas
dúvidas? Onde paquerar? Qual o limite da investida? Tomo umas cervejas
ou vou de ‘cara limpa’? O que fazer depois de levar um fora? Vejam o
que nossos entrevistados disseram. Rampazzo aponta que lugares mais propícios para receber ou fazer um
xaveco são na balada, festa, danceteria, show, parque, rua, sala de
espera de consultório, escola, cinema, teatro ou trabalho. Para o
jornalista às vezes um lugar com muita gente pode facilitar, pois as
pessoas estão mais à vontade; mas um xaveco no supermercado pode ser
bom justamente pelo elemento surpresa. Silvia discorda: “nenhum lugar é
o pior ou melhor para fazer um xaveco, depende da forma da abordagem.
Vale até em um enterro se for bem feito”.O escritor Antônio* concorda com Silvia; o melhor lugar para xavecar é
aquele onde a pessoa atraente está. Maria* acredita que tem que
acontecer o clima ideal. “De repente, na sala de espera de um
consultório... Ou no trabalho, o que interessa é o momento adequado, só
não dá para ser nada forçado”.E todos os nossos entrevistados concordam: é preciso ter bom senso e,
saber qual o momento de parar para não ser chato ou abusar de alguém.
“Quando a pessoa não está à vontade não é legal xavecar, pois em vez de
sedutor você pode ser um chato. Os xavecos que passei e não 'colaram'
foram igualmente importantes, pois o fora é fundamental para qualquer
ser humano. Nunca ninguém será uma unanimidade”, comenta Rampazzo.Antônio* alerta: “nós temos medo de tudo e de nada, conforme a
situação. E o medo, bem trabalhado, é sinônimo de prudência. Caretice à
parte, timidez e descaramento não combinam com álcool; porque tiram a
pessoa do seu normal, da sua postura verdadeira. Falhar é inevitável,
quando as coisas não vão bem dentro da gente. Temer a exclusão ou a
rejeição faz parte do jogo, mas não deve se tornar regra”.“O pior xaveco que levei foi ridículo! Estava andando na rua, chegando
para trabalhar em São Paulo. O cara começou a andar ao meu lado e
perguntou: ‘Como você faz para paquerar alguém?’ Eu fingi que não
entendi. Ele insistiu e disse que eu era bonita apesar de ser cega.
Acho que um lugar horrível para xavecar é no transporte público. Me
parece que é um momento em que as pessoas estão meio desprotegidas. Eu
não me sinto confortável”, conta a professora Maria*.Para Antônio* ninguém está livre de ser ‘romântico’, e de amar alguém
além do desejo. “Machismo é anacronismo; já moral religiosa (quando bem
dosada) é saudável e predispõe a um relacionamento mais decente. Ir
‘aos finalmentes’ só por ‘obrigação’ é burrice e não leva a nada
permanente. É como uma barbarização ditada por modismos. Antiquado ou
não, prefiro pensar no ‘outro’ com os mesmos direitos que eu, isto é,
ninguém gosta de ser usado”.Quem xaveca mais: o homem ou a mulher? Existe idade para paquerar?“O homem xaveca, a mulher é xavecada, desde que o mundo é mundo é
assim. Claro, há exceções, mas são raras. A mulher seduz, atrai o
homem, mas a abordagem é quase sempre masculina. A minha fase com maior
disposição para o xaveco foi entre os 18 e 28 anos. Mas isso está longe
de ser uma regra, há homens que se descobrem xavequeiros aos 50. Eu
mesmo, com 33, posso ainda viver esta fase de novo. Continuo xavecando
a minha namorada. É bom manter sempre a chama acesa. Ainda que
teoricamente a juventude, com suas necessidades de descobertas, seja a
fase mais propícia para o xaveco”, afirma Rampazzo.Antônio* discorda: “Ué, e tem fase pra xavecar...? Idade ideal pra
sentir atraído por alguém? Isso não existe! Pra mim, só interessa saber
se a pessoa se sente viva. Quem sabe xavecar melhor são pessoas abertas
aos relacionamentos mais plenos, não importa o sexo. Homens e mulheres
com essa visão da vida xavecam mais. Sinceramente, não sei em que época
as pessoas começaram a não ter mais vergonha de paquerar. E se o
feminismo, a chamada liberdade sexual, a massificação do erotismo, e
outros fatores influenciaram a 'arte de xavecar'. Tudo faz parte de um
contexto coletivo. É como a atual onda de aceitação da
‘não-privacidade’ (???); passa-se para um padrão de conduta diferente,
mas não necessariamente imoral, obsceno. Apenas - no caso da paquera -
mais aberto”.Para Maria* os mais ‘xavequeiros’ ainda são os homens, pois fazem isso
muito bem quando querem. “Acredito que eles sejam mais ‘descolados’, e
até mais infantis, e menos críticos, por isso, fazem as melhores
cantadas”.“Você vem sempre aqui?”“Eu estava num bar com minha amiga. Ela me disse que tinha um rapaz
olhando insistentemente para ela. Mas estava confusa, porque o cara
fazia sinais que ela não entendia. Ao sair do bar; um amigo me disse
que eu havia sido muito antipática com aquele cara que ficou a noite
toda pedindo para minha amiga me chamar, e eu nem ‘dei bola’. Quando eu
contei que pensei que ele estava fazendo sinais para minha amiga e não
para mim, o meu ‘paquera’ voltou para o bar e... Bom, tive dois filhos
com ele”. “Faz tempo que de descobri o jeito mais fácil, direto e legal de
paquerar alguém: jamais usar a minha deficiência física como
‘propaganda’. Minha estratégia é simples: abro o jogo e corro os
riscos”, confessa Antônio*.“Tenho deficiência visual, por isso a tendência pode ser mais passiva.
Porém, já utilizei muitas táticas: passar perto fingindo não estar
‘vendo’ a pessoa e, se possível, dar um esbarrão ou um tropeço bem na
hora certa. Ter amigas que funcionam como cúmplices e ‘áudio
descritoras’ das paqueras é ótimo, assim, podemos planejar o momento e
abordagem ideal... Agora, sobre as artimanhas, não posso contar o ‘pulo
do gato", confessa Maria*.E se mesmo depois de ler todos os manuais, e ouvir os conselhos dos
seus amigos; você ainda não sabe como passar um xaveco sem ser chato,
ou receber uma cantada e não saber o que dizer; não se ache a ‘última
pessoa do mundo’, pois o psicólogo Puhlmann explica que a paquera
descompromissada é um jogo gostoso, de sorrisos, olhares meigos,
elogios e papo descontraído. Não é algo ameaçador. E com o tempo e a
intimidade pode evoluir para um relacionamento. “Aí surge a vontade do
aconchego; o bate-papo em lugares românticos; o passeio de mãos dadas;
as pequenas viagens; o encontro com os amigos antigos e novos de
ambos... E tudo pode acontecer...”*Os nomes das pessoas entrevistadas foram trocados para preservarem sua
identidade.Manuais sobre xaveco: www.xavequeiro.com.brLeandra Migotto Certeza é jornalista com deficiência física e
desenvolve o projeto em equipe: “Fantasias Caleidoscópicas”, ensaio
fotográfico sensual com pessoas com deficiência. O projeto foi premiado
no “6º Congresso Internacional Prazeres Dês-Organizados – Corpos,
Direitos e Culturas em Transformação”, em Lima (capital do Peru), em
junho de 2007; e reapresentado no “I Seminário Nacional de Saúde:
Direitos Sexuais e Reprodutivos e Pessoas com Deficiência”, realizado
pelo Ministério da Saúde, em Brasília, em março de 2009. Mais
informações: leandramigottocerteza@gmail.com ou BLOG:
http://leandramigottocerteza.blogspot.comRede SACIAv. Prof. Luciano Gualberto trav.J, 374, térreo sala 20Cidade Universitária - 05508-900 - São Paulo - SPTel: (11) 3091.4155 / 4371 Copyleft 2000 ~ 2009 saci.org.brÉ autorizada a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de
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terça-feira, 12 de maio de 2009
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